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:: Carlos Antonio Fragoso Guimarães ::

Plotino nasceu em 205 d.C, em Licópolis, permanecendo quase toda a juventude em Alexandria até 243, quando deixou a cidade para seguir o imperador Jordano em sua expedição oriental. Com a morte de Jordano, Plotino decide ir à Roma, onde  funda uma escola, espelhando-se no exemplo de seu mestre e real modelador do movimento neoplatônico: Amônio Sacas.

Pelos escritos de Porfírio, discípulo de Plotino, Amônio foi um jovem brilhante, educado no seio de uma família cristã. Mas depois que passou a se dedicar à filosofia,  voltou-se ao paganismo (talvez por achar mais liberdade por buscar um caminho próprio de entendimento). Segundo Porfírio, ele tinha muito conhecimento da filosofia de sua época, e, tal como mais tarde faria Plotino, aprofundou-se de tal modo na vivência da filosofia a ponto de “ter uma experiência direta seja da filosofia praticada pelos persas, seja daquela preponderante entre os hindus” (Porfírio, Vida de Plotino). Outras referências a Amônio são encontradas em obras de Teodoreto, que era um bispo cristão, Hiérocles de Alexandria e em Nemésio, bispo de Emesa.

Amônio viveu de forma modesta e esquiva, afastando-se do burburinho do mundo e cultivando a filosofia não apenas como um exercício de inteligência, mas também de vida e de aperfeiçoamento espiritual, buscando uma percepção direta, de cunho místico (no sentido transpessoal do termo), da realidade, ou da essência, da existência, juntamente com alguns discípulos mais indentificados com a sua mensagem.

Tal como Sócrates e Jesus, Amônio nada deixou escrito, mas sua doutrina foi levada adiante e aperfeiçoada por Plotino. Amônio é apresentado como um filósofo que soube conciliar Platão e Aristóteles e a transmitir a seus discípulos, sobretudo a Plotino, uma filosofia livre do espírituo de polêmica, muitas vezes resultante da mera vaidade pela disputa intelectual. Ao chegar em Alexandria, ouviu a todas as celebridadas da época, cristãs e pagãs, mas continuava insatisfeito. Levado por um amigo a Amônio, depois de tê-lo ouvido falar apenas uma vez, teria dito: “Este é o homem que eu buscava!”, e tornou-se seu discípulo por onze anos.

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