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Nova ortografia causa dúvidas

Publicado: 09/01/2009 por Kakao Braga em Atualidades, Educação
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 O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entrou em vigor na quinta-feira, dia 1º, mas ainda é motivo de dúvidas até mesmo entre os especialistas. O acordo institui diversas mudanças na ortografia do português, entre elas a extinção do trema, a incorporação das letras “k”, “w” e “y” ao alfabeto e novas regras de acentuação e uso do hífen (Confira no infográfico o que muda).

O acordo é criticado por deixar margem à interpretação na decisão sobre que palavras devem ganhar ou perder hífen. O texto diz que devem perder o hífen, por exemplo, os termos compostos “em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição”. Como não há jeito objetivo de se dizer em que palavras a “noção de composição” se perdeu ou não, o texto ficou impreciso.

Sites oferecem corretores

Alguns sites já oferecem o serviço de corretor com a nova ortografia, mas foram prejudicados com a falta de definição em relação a algumas palavras, cuja grafia não é esclarecida pelo Acordo. Em alguns casos, mesmo nos de regras já definidas, a correção é feita de maneira errada. Ainda existem várias dúvidas, mas as respostas só virão com a publicação do novo Volp (“Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa”), que deve ocorrer no final de fevereiro ou no início de março.

O software livre BrOffice, concorrente do Microsoft Word, tem, desde julho, um corretor com download gratuito. Mas até agora foram feitas duas atualizações, pois ainda há dúvidas em torno da nova grafia –como no caso do prefixo “re” e em palavras como “subumano” ou “sub-humano”. A Porto Editora, uma das maiores de Portugal, também criou um conversor. O acesso é gratuito, mas, em um teste rápido feito pela reportagem, de três palavras em uma frase que deveriam ser convertidas, apenas duas foram trocadas. O site do empresário Edney Souza tem o conversor, mas apresenta problemas em relação ao uso do hífen. O editor de textos Word poderá ter seu corretor de português atualizado só a partir do segundo semestre.

Para quem precisar de uma resposta oficial sobre alguma dúvida de grafia, a Academia Brasileira de Letras oferece o ABL Responde, em que especialistas esclarecem dúvidas enviadas pelo site, mas não dão prazo para a resposta.

Fontes: O Globo e Folha Online

Mudança ortográfica começa em 1 de janeiro de 2009.

Mudança ortográfica começa em 1 de janeiro de 2009.

Depois do Natal, todos esperam com expectativa pela chegada do ano novo. E 2009 reserva muitas surpresas, inclusive ortográfica. A partir do dia 1 de janeiro, o Brasil será o primeiro país a adotar oficialmente a nova grafia, que será obrigatória em documentos oficiais e para a mídia.  As alterações foram discutidas entre os oito países (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe) que usam a língua portuguesa -uma população estimada hoje em 230 milhões – e a adoção das regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa têm como objetivo aproximar essas culturas. A reforma obedecerá a um período de transição até 31 de dezembro de 2012, durante o qual coexistirão a norma ortográfica atualmente em vigor e a nova norma estabelecida.

O Acordo Ortográfico assinado em 1990, e que agora será implantado, é um tratado internacional que tem por objetivo criar uma ortografia unificada para o português, a ser usada por todos os países de língua oficial portuguesa. Com essa ação, os representantes oficiais dos países envolvidos, pretendem aumentar o prestígio da língua internacional, dando fim à existência de duas normas ortográficas oficiais divergentes: uma no Brasil e outra nos restantes países de língua portuguesa. É dado como exemplo motivador pelos proponentes do Acordo o castelhano que apresenta bastante variação, quer na pronúncia quer no vocabulário entre a Espanha e a América hispânica, mas sujeito a uma só forma de escrita, regulada pela Associação de Academias da Língua Espanhola.

O teor substantivo e o valor jurídico do tratado não alcançaram consenso entre linguistas, filólogos, académicos, jornalistas, escritores, tradutores e personalidades dos sectores artístico, universitário, político e empresarial das sociedades portuguesa e brasileira, de modo que sua aplicação tem suscitado discordância por motivos linguísticos, políticos, econômicos e jurídicos, havendo quem afirme mesmo a inconstitucionalidade do tratado.

A história das mudanças ortográficas da língua portuguesa

108569Até ao início do século XX, tanto em Portugal como no Brasil, seguia-se uma ortografia que, por regra, se baseava nos étimos latino ou grego para escrever cada palavra (ex.: pharmacia, lyrio, orthographia, phleugma, diccionario, caravella, estylo, prompto, etc.).

Em 1911, no seguimento da implantação da república em Portugal, foi levada a cabo uma profunda reforma ortográfica que modificou completamente o aspecto da língua escrita, aproximando-o muito do atual. No entanto, esta reforma foi feita sem qualquer acordo com o Brasil, ficando os dois países com duas ortografias completamente diferentes: Portugal com uma ortografia reformada, o Brasil com a ortografia tradicional (dita pseudo-etimológica). Ao longo dos anos, a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras foram protagonizando sucessivas tentativas de estabelecimento de uma grafia comum a ambos os países.

Em 1931 foi feito um primeiro acordo, no entanto, como os vocabulários que se publicaram, em 1940 (em Portugal) e 1943 (no Brasil), continuavam a conter algumas divergências, realizou-se um novo encontro que deu origem ao Acordo Ortográfico de 1945. Este acordo tornou-se lei em Portugal, mas no Brasil não foi ratificado pelo Congresso Nacional, continuando os brasileiros a regular-se pela ortografia do Formulário Ortográfico de 1943.

Novo entendimento entre Portugal e o Brasil – efetivo em 1971 no Brasil e em 1973 em Portugal – aproximou um pouco mais a ortografia dos dois países, suprimindo-se os acentos gráficos responsáveis por 70% das divergências entre as duas ortografias oficiais e aqueles que marcavam a sílaba subtónica nos vocábulos derivados com o sufixo -mente ou iniciados por -z- (ex.: sòmente, sòzinho).

Novas tentativas de acordo saíram goradas em 1975 – em parte devido ao período de convulsão política que se vivia em Portugal, o PREC – e em 1986 – devido à reação que se levantou em ambos os países, principalmente a propósito da supressão da acentuação gráfica nas palavras esdrúxulas (ou proparoxítonas).

No entanto, como, segundo os proponentes da unificação, a persistência de duas ortografias oficiais da língua portuguesa – a luso-africana e a brasileira – impede a unidade intercontinental do português e diminui o seu prestígio no mundo, foi elaborado um “Anteprojeto de Bases da Ortografia Unificada da Língua Portuguesa”em 1988, atendendo às críticas feitas à proposta de 1986, que conduziu ao novo Acordo Ortográfico em 1990.

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