
Entre os dois momentos de felicidade (quando temos um sonho e quando o realizamos) há muita incerteza.
O Dr. Jean-Louis Etienne, explorador do Pólo Norte, explica o que essas incursões nos gelos e neves lhe proporcionaram:
“Há dois grandes momentos de felicidade: quando temos um sonho e quando conseguimos concretizá-lo. Entre esse dois momentos, há uma grande dose de incerteza, uma grande vontade de desistir. Mas, temos que perseguir os sonhos até o fim. Há bicicletas abandonadas em todas as garagens porque os donos ficaram demasiado doloridos nas primeiras vezes em que a usaram. Eles não entenderam que a dor faz parte do aprendizado. Estive 1000 vezes preste a desistir, antes de atingir aquele momento de felicidade em que me esqueci do frio. Consegue-se isso na pintura ou na música, desde que se admita que, antes de podermos tocar uma sonata de Bach, temos de aprender primeiro as escalas. Só com perseverança poderemos descobrir-nos a nós próprios. Cabe a cada um de nós encontrar seu próprio Pólo.” L’Express, Paris
O relato completo sobre a aventura do Dr. Etienne está no livro: “Transantártida – A Travessia do Último Continente”, da Editora José Olympio. É um dos melhores livros sobre uma aventura na Antártica. Escrito logo após o final de uma expedição que durou seis meses, do verão de 1989 à primavera de 1990, e que percorreu 6.300 km de gelo desértico e isolamento voluntário. Jean-Louis Étienne é um dos grandes nomes da exploração moderna francesa. Médico e especialista em nutrição e biologia do esporte, participou de expedições ao Himalaia, à Groenlândia e à Patagônia. Seu maior feito foi ter se tornado, em 1986, o primeiro homem a atingir o Pólo Norte Geográfico, sozinho, sem a companhia de cães ou apoio externo.

O dr. Etienne no Pólo Norte.
O objetivo da expedição Transantártida foi o de alertar ao mundo sobre a riqueza da Antártica e a urgência de se proteger um dos ambientes mais puros e intocados que existe. Jean-Louis questiona o lado negativo das nações que lutam por um pedaço de terra (leia-se gelo) no único continente realmente descoberto pelo homem, em 1820, e reflete sobre a importância de se chegar a acordos diplomáticos sobre a preservação de uma área de 14 milhões de km quadrados de água doce, petróleo, gás natural e ouro. Lembrando que todos os grandes projetos polares foram conduzidos por expedições privadas, as únicas que se dão direito a correr riscos, a Transantártida chegou onde intencionava: a travessia integral de um continente gigantesco, uma das últimas aventuras inéditas possíveis no final do século XX.