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Após três anos seguidos de queda, a taxa anual de desmatamento na Amazônia voltou a aumentar. Entre agosto de 2007 e julho de 2008 foram desmatados 11.968 quilômetros quadrados – 3,8% a mais que os 11.532 km2 do período anterior. A notícia foi divulgada pelo diretor do Inpe, Gilberto Câmara, na sede da instituição em São José dos Campos (SP).

Especialistas Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e por 29 instituições de pesquisa em todo o mundo alertam para os possíveis prejuízos gerados pelo desmatamento da floresta amazônica. “O Brasil precisa pensar a preservação da Amazônia como uma questão econômica e que terá impacto direto em suas exportações e produção agrícola nos próximos 50 anos”, afirmou Pavan Sukhdev, chefe da divisão econômica do Pnuma e ex-banqueiro do Deutche Bank. “Os cálculos apontam para prejuízos a médio e longo prazo de US$ 1 trilhão para a região, o que acarretaria uma queda drástica nas exportações, na produção, a necessidade de importar alimentos, perda de postos de trabalho e queda em geral nas economias das regiões mais afetadas”, disse.

A Amazônia abriga 33% das florestas tropicais do planeta e cerca de 30% das espécies conhecidas de flora e fauna. Hoje, a área total vítima do desmatamento da floresta corresponde a mais de 350 mil Km2, a um ritmo de 20 hectares por minuto, 30 mil por dia e 8 milhões por ano. Com esse processo, diversas espécies, muitas delas nem sequer identificadas pelo homem, desapareceram da Amazônia. Sobretudo a partir de 1988, desencadeou-se uma discussão internacional a respeito do papel da Amazônia no equilíbrio da biosfera e das conseqüências da devastação que, segundo os especialistas, pode inclusive alterar o clima da Terra.

“A Amazônia não é uma questão ambiental. É uma questão econômica”, disse Sukhdev. “O governo brasileiro precisa entender que preservar a floresta não é um luxo, mas logo será uma necessidade econômica”, afirmou. Entre 2000 e 2005, 48% da perda de cobertura florestal no mundo ocorreu no Brasil. 13% da perda ocorreu na Indonésia.

Os estudos apontam que substituir a Amazônia custaria pelo menos US$ 100 bilhões apenas em projetos para o fornecimento de água no restante do país. Para os especialistas, apenas o valor da Amazônia gerando as chuvas no sul e centro do continente já seria um motivo suficiente para proteger a floresta. A avaliação dos cientistas é de que a Amazônia seria a melhor “bomba de água” e o mais eficiente projeto de irrigação do planeta.

Os estudos foram feitos por uma rede de institutos de pesquisa de 19 países conhecida como Global Canopy Programme e pela ONU. O levantamento, usando dados do cientista brasileiro Antônio Nobre, aponta que 20 bilhões de toneladas de água evaporam todos os dias da região amazônica. Parte dessa água acaba chegando ao Cone Sul do continente, área mais fértil da América do Sul e considerada como celeiro do mundo nas próximas décadas. A água também abastece uma quantidade importante de rios que vão garantir a qualidade de terras na Argentina e Paraguai.

Para compensar a perda da floresta, os especialistas alertam que o Cone Sul teria de contar com 50 mil das maiores usinas de energia trabalhando 24 horas por dia para garantir o abastecimento de água a todo o território cultivável. “A floresta faz isso de graça”, alertou Sukhdev.

A Amazônia é um dos poucos redutos do planeta onde ainda vivem povos humanos primitivos, dezenas de tribos que espalham-se em territórios dentro da mata, mantendo seus próprios costumes, linguagens e culturas, inalterados por milhares de anos. Antropólogos acreditam que ainda existam povos primitivos desconhecidos, vivendo nas regiões mais inóspitas e inacessíveis. As características do clima e do solo da região amazônica, pouco propícias à conservação de materiais, não deixaram muitos vestígios sobre a vida dos povos pré-colombianos. Mas o patrimônio arqueológico é precioso, com registros que chegam a 10.000 a.C. A riqueza da cerâmica, com suas pinturas elaboradas, demonstra que muitos desses povos atingiram um estágio avançado de organização social, sempre guiados por uma forte relação com a natureza.

(Fontes: Ambiente em Foco, Greenpeace, Socioambiental)