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Certa vez, começou um grande incêndio numa floresta. Preocupados, os animais fugiam da selva em chamas. Quando todos se encontraram em um lugar seguro, bem distante do fogo, ficaram apenas olhando. Eles sentiam que nada podiam fazer, pois o incêndio era enorme.

No entanto, um pequeno colibri decidiu que tentaria apagar o fogo.  O pássaro foi até o rio próximo, pegou uma gota de água, sobrevoou a floresta em chamas e lançou a gota que carregava no bico. Enquanto ele ia e vinha, os outros animais lhe perguntavam: “O que você está fazendo? Você não pode fazer nada; você é muito pequeno e este incêndio é muito grande”. Alguns animais tinham bicos bem grandes, e não ajudavam.

Mas o colibri estava convencido de que podia apagar o incêndio e continuou jogando pequenas gotas nas chamas que consumiam as árvores.  Ao final, diante da floresta queimada, o colibri disse que tinha feito o melhor que podia. Se todos fizerem a sua parte, é possível salvar a floresta.

Revista “Semeando”, 2009, p.38.

caminharO prazer de caminhar atraiu pensadores como Kant, Thoreau, Nietzsche e Rousseau. Cada qual o fazia de forma diferente. O poeta francês Rimbaud andava de maneira dispersa e desorganizada, com uma energia raivosa. Já Nietzsche dava a seus passos o tom de marcha. Kant era metódico e sistemático: saia todo dia, à mesma hora, e seguia a mesma rota. O que todos tinham em comum era que transferiram seus escritórios para o campo, onde as ideias fluíam livremente em plena natureza.

Para o filósofo francês, Frederic Gros, autor de “Caminhar. Uma Filosofia”, andar é uma atividade que atrai um número cada vez maior de adeptos por proporcionar relaxamento, comunhão com a natureza, plenitude. E não requer aprendizagem, técnica, equipamento e dinheiro, apenas um corpo, espaço e tempo. No livro, o especialista em psiquiatria, filosofia penal e editor dos últimos cursos de Michel Foucault no Collège de France explora a literatura, a história e a filosofia, e escreve um tratado filosófico e uma definição sobre a arte de caminhar.

Quando você começou a caminhar?
Foi relativamente tarde, aos 20 anos. Foram alguns amigos que me convenceram. Quando eu era criança, gostava de ir sozinho para as montanhas, mas a verdade é que o passeio consistente como uma excursão, veio mais tarde. Minha primeira experiência importante foi no verão quando eu dei uma volta pela Córsega. Eu andei a estrada GR-20. Foi difícil, mas a aliança entre as altas montanhas e o mar fez com que fosse maravilhoso.

Quantos quilômetros fez?
Éramos em sete pessoas e durou 15 dias, mas não sei quantos quilômetros fizemos. A verdade é que, quando se caminha não se conta, porque a dificuldade das trilhas faz você percorrer às vezes, poucos quilômetros em um dia. Quando se caminha mais fácil, através de estradas planas, como os andarilhos, a média é de 40 quilômetros por dia.

E o que acha dos aplicativos que calculam a distância e até mesmo as calorias consumidas?
Não uso. O importante é ter uma visão geral e que você só consegue com um mapa desdobrável. Em relação as calorias, quando se caminha sete ou mais horas, a maior preocupação é chegar ao próximo abrigo.

Em seu ensaio você associa a caminhada com grandes filósofos, por quê?
Esses pensadores transformaram as montanhas e florestas em locais de trabalho. Para eles, o andar não era um esporte ou um passeio turístico. Realmente, eles saíam com seus cadernos e lápis para encontrar novas ideias. Solidão era uma das condições para a criação.

caminharE a relação entre a caminhadas e as suas ideias?
Existem maneiras de caminhar que na verdade são estilos filosóficos. Por exemplo: Kant era sério e disciplinado, e é um filósofo que exige provas muito rigorosas com definições estritas. Ele tinha um jeito de andar que consistia em fazer todos os dias a mesma caminhada, na mesma hora. A escrita de Nietzsche, muito mais dispersa, com menos coesão, tem a ver com o fato de que ele procurava com o caminhar, sentimentos de energia e luz. Sua escrita é muito forte e rápida, não tão demonstrativa como a de Kant.

O que você quer dizer quando escreve sobre a perda da identidade que acontece quando se anda?
Bem, os efeitos da intensidade do passeio podem variar. Se você andar por quatro ou seis horas você está acompanhado de si mesmo, você pode dar atenção às suas memórias ou ter novas ideias. Mas depois de oito ou nove horas, o cansaço é tal que já não se sente o corpo. Toda a concentração é dirigida para o impulso de avançar. É quando ocorre a perda de identidade, devido à fadiga extrema. Caminhamos para nos reinventar, para nos dar outras identidades, outras possibilidades. Acima de tudo, ao nosso papel social. Na vida diária tudo está associado a função, uma profissão, um discurso, uma postura. Andar a pé é se livrar disso tudo. No final, a caminhada é não mais do que uma relação entre um corpo, uma paisagem e uma trilha.

Mas cada vez se anda menos, especialmente nas cidades, onde cada vez mais pessoas vivem.
No Terceiro Mundo, ao contrário, se anda muito. Mas é verdade que nas cidades isto está desaparecendo. Elas não são feitas para os pedestres.

Os jovens também não andam a pé.
As novas gerações consideram, e eles podem estar certos, que você tem que ser louco para ir aos lugares a pé, especialmente quando têm à disposição todos os tipos de invenções técnicas que fazem com que não tenham que andar. Para eles, a caminhada é um pouco monótona, em parte porque eles se acostumaram a mudar as telas de imagens que usam muito rapidamente e, quando andamos, as paisagens evoluem muito lentamente. Além disso, quando caminhamos, é sempre a mesma coisa.

E isso é visto como chato.
Para algumas pessoas, a caminhada é o exato oposto do significado de prazer porque nós tendemos a comparar prazer com excitação. E para que haja excitação é preciso uma novidade. Diante disso, descobrir o prazer de caminhar pode ser algo completamente exótico. Descobre-se uma dimensão que hoje está praticamente banida de nossa vida: a lentidão, a presença física. Durante a caminhada, todos os sentidos estão presentes: ouvimos os ruídos da floresta, se percebem as luzes.

E quem mais caminha são os aposentados?
Os sábios de antigamente tinham um ditado que pode nos surpreender hoje, “tenha pressa para chegar à velhice.” Eles consideravam que a velhice seria o tempo de vida em que poderíamos nos livrar de tudo e nos envolver com o cuidar de nós mesmos, le souci de soi (a atenção para si, apud Michel Foucault ), cura sui em latim. A caminhada também não tem nada de violenta ou brutal. Há uma regularidade nela que tranquiliza, acalma. E isso está longe de qualquer busca de resultado. Assim, a primeira frase do livro é “andar não é um esporte.” Não faça marcas, não tente superar a si mesmo. Andar a pé é uma experiência autêntica, embora talvez não seja moderna.

Andar libertou você da vida acadêmica? Eu li que você está preparando um livro sobre a desobediência.
Thoreau escreveu o primeiro livro em pé e, curiosamente, também escreveu o primeiro livro sobre a desobediência civil. É verdade que a caminhada nos ensina a desobedecer. Porque andar nos obriga a ter uma distância que é também uma distância crítica. No mundo acadêmico, todo mundo é obrigado a provar o que diz. Neste livro eu queria explorar sonhos. A provocação que faço aos pensadores, é que você não é o que você pensa, mas como você anda. Eu não queria voltar para as doutrinas, mas sim explorar os estilos.

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Fonte: El Mundo

Conta uma antiga lenda que em certo reino, há muito, muito tempo, quando um jovem completava 13 anos era preciso fazer uma solitária jornada , depois da qual , se alcançasse sucesso era admitido entre os guerreiros de seu povo.

A jornada era realizada apenas em determinada época do ano, escolhida pelo mago da tribo.Trinta dias antes da partida, os jovens candidatos ficavam reclusos em uma cabana coletiva. Lá preparavam-se para a jornada que empreenderiam.

No dia marcado, o mago reunia os jovens postulantes , entregava-lhes uma pequena faca e revelava-lhes a prova: deveriam atravessar o continente , pois o reino ficava no coração da Europa; cada um por si, deveria encontrar o mar e retornar em segurança.

Era uma jornada dificílima.O jovem precisava enfrentar o frio, a fome, as feras famintas, a solidão e seu próprio temor. Poucos conseguiam.Muitos voltavam do meio do caminho. Outros chegavam bem perto, vislumbravam o mar ao longe e voltavam daí.

Ao retornarem à sua aldeia, os jovens , um a um , eram recebidos pelo mago. Este, contemplava-os em silêncio e , passado certo tempo, dizia se o jovem tinha ou não cumprido sua jornada. Os que a haviam concluído eram , então, admitidos na tenda dos guerreiros. Eram acolhidos como irmãos, iguais.

Os demais precisavam esperar por todo um ano para fazer mais uma vez a jornada.

Certa ocasião, um ancião que havia tempos observava o mago perguntou:- me explique uma coisa. Por que muitos jovens retornam dando detalhadas informações sobre o mar e você após fitá-los por uns instantes diz: – Você não viu o mar. Poderá voltar no próximo ano. Outros , entretanto, nada precisam dizer.Você os olha , abraça-os e os manda para a tenda dos guerreiros onde seus irmãos os aguardam. Por quê?

O mago, sorrindo mansa e serenamente respondeu:

– Os que viram de fato o mar , não precisam falar dele. Têm o mar no olhar.

“As oportunidades para procurar forças mais profundas em nós mesmos vêm quando a vida parece mais desafiadora.” ( Campbell)

Feliz Ano Novo

Publicado: 03/01/2011 por Andrew em Atualidades, Filosofia

É preciso a certeza de que tudo vai mudar;
É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós:
onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração; Pois a vida está nos olhos de quem sabe ver …
Se não houve frutos, valeu a beleza das flores.
Se não houve flores, valeu a sombra das folhas.
Se não houve folhas, valeu a intenção da semente.(Henfil*)

* Henrique de Souza Filho (5 de fevereiro de 1944, Ribeirão das Neves, Minas Gerais – 4 de janeiro de 1988, Rio de Janeiro), foi um cartunista, jornalista e escritor brasileiro.

Foi lançada na rede a campanha Internet for Peace (I4P), que afirma que o prêmio Nobel da Paz deve ser concedido à internet, homenageando cada usuário que integra a rede mundial. O grupo que está por trás da iniciativa afirma ter finalmente percebido que a internet é muito mais que uma rede de computadores, e sim uma rede infinita de pessoas, vindas de cada canto do mundo, além de uma ferramenta para a paz, por meio do diálogo, da aceitação e da participação dos indivíduos.

O idealizador do projeto é Riccardo Luna, editor-chefe da Wired Itália, que também pertence ao time de embaixadores, composto por Chris Anderson, editor-chefe da Wired EUA e David Rowan, editor da Wired britânica, além de Shirin Ebadi, Nobel da Paz de 2003, Umberto Veronesi, cientista e cirurgião italiano e pelo renomado estilista italiano Giorgio Armani.

O site da Wired inglesa traz os depoimentos de seus três integrantes que fazem parte do I4P. Luna explica que a internet pode ser utilizada como o primeiro meio de construção em massa, acabando com o ódio e com os conflitos e proporcionando paz e democracia. Ele ainda relembra o papel que o ambiente virtual teve nas eleições iranianas, ao divulgar informações importantes que antes seriam barradas pela censura. Já o site da revista Vogue destaca a participação de Giorgio Armani no movimento.

A campanha conta também com o apoio da revista brasileira Galileu, que pediu, em sua mais recente edição, a participação dos brasileiros e das instituições nacionais. No site da I4P é possível ler o manifesto completo (em inglês) e assistir ao vídeo que conta um pouco da história da campanha (em italiano, mas com legendas em inglês), e convida os visitantes a participar. Também é possível ver, por localidade, quem já faz parte do movimento.

Esta não é uma realização impossível, pois o Nobel da Paz, criado em 1901, é o único dos prêmios Nobel que pode ser atribuído não só a pessoas, mas também a entidades, mesmo que ainda estejam em processo de resolução dos problemas, e já premiou 20 organizações, entre elas a Unicef, os Médicos sem Fronteiras, a Anistia Internacional e a Cruz Vermelha (que recebeu a condecoração 3 vezes).

O criador do prêmio, o químico e inventor sueco Alfred Nobel, acreditava que ele deveria ser entregue a quem “tivesse feito a maior ou melhor ação pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz”.

Fonte: Terra Tecnologia/Internet