Uma das dúvidas mais freqüentes dos pais sobre educação financeira é se a mesada pode ou deve ser vinculada ao desempenho escolar. Ou seja: boas notas valem o valor integral e até uma premiação? E, em caso de notas ruins, a mesada não deve ser dada ou pelo menos não em sua totalidade? Isso é correto?
O educador financeiro Álvaro Modernell é taxativo: não! “Isso pode contribuir para o desenvolvimento de uma personalidade mercenária na criança”, afirma o especialista, autor de sete livros dedicados ao público infantil, inclusive o recém-lançado “Quero ser rico – Rico de verdade”.
“Além disso, alguns pais podem confundir as coisas e tentar compensar eventual falta de comprometimento com o ensino dos filhos por meio de estímulo financeiro. Pais e filhos saem perdendo nesta situação”, completa.
Ainda de acordo com Álvaro Modernell, um bom desempenho escolar, ou pelo menos o esforço da criança para que isso aconteça, é uma obrigação e não deve depender de estímulo financeiro. “Os pais devem dar atenção, ajuda, livros, apoio, mas não dinheiro.”
Riscos
Um dos perigos de vincular o pagamento ou o valor da mesada ao desempenho escolar é a possibilidade de a criança manipular as notas.
“Ela pode deixar cair propositalmente em algum momento para depois negociar com os pais, em troca de dinheiro, a elevação ou a manutenção das notas. E isso pode se repetir muitas vezes. Há crianças que são mestres em manipular os pais. Imagine se forem remuneradas por isso”, diz o educador financeiro.
A mesada é uma iniciativa voluntária dos pais, não uma obrigação. E não deve ser apresentada como remuneração em troca de bons resultados ou comportamento.
“Trata-se de um instrumento de educação financeira que serve para as crianças vivenciarem experiências que lhes serão úteis para a vida toda. E também para que criem um certo grau de independência, inclusive nos aspectos financeiros”, explica Álvaro Modernell.
O especialista comenta também que a mesada não desonera os pais do compromisso de orientarem os filhos sobre questões financeiras e de acompanharem o uso do dinheiro de maneira adequada. “Se ela não estiver sendo bem usada, não culpe apenas seus filhos. Reflita.”
Fonte: RZT Comunicação