Por que existem anos bissextos?

Publicado: 10/08/2009 por Elisa em Atualidades, Ciência & Tecnologia, História
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Não basta dividir por quatro. A regra para se determinar se um ano é bissexto é mais elaborada – e tem a ver com o fato do período de translação da Terra em torno do Sol não ser exato.

Tudo começou no tempo dos antigos egípcios, cujo calendário consistia de 12 meses com 30 dias cada, mais 5 dias adicionais para completar os 365 que a Terra gasta em seu movimento em torno do Sol. Era o que se pensava, quando a duração do ano foi determinada através das variações da sombra produzida por uma estaca fincada verticalmente no solo. Mas, na prática, sobram incomodas 5 horas, 48 minutos e 46 segundos até que a Terra volte a um mesmo ponto de sua órbita. Sem a precisão obtida hoje, os egípcios decidiram intercalar 1 dia a mais a cada 4 anos, passando a chamar seu calendário de Alexandrino.

O ano da confusão
Mais tarde, os romanos tiveram sério problemas com essas inserções. Particularmente sob o governo de Júlio César, elas foram tão dramaticamente negligenciadas que no ano 46 d.C. a diferença atingiu 80 dias. Então, eles fizeram um novo calendário, e para começar o ano 46 teria 445 dias (365 + 80), passando para a história como o “Ano da confusão”.

Antes das calendas de março
O termo bissexto foi adotado pelos romanos. Eles também achavam que o ano tinha 365 dias e 6 horas (ou 365,25 dias). Assim, a cada quatro anos as horas excedentes somariam um dia extra de 24 horas, que precisava ser acrescentado ao calendário.

Acontece que, no calendário romano, o dia que representava o início de cada mês era chamado calendas. E o tal dia extra era normalmente inserido após o dia 24 de fevereiro, isto é, 6 dias antes das calendas de março. Como esse dia era contado duas vezes o chamavam de bis sexto ante calendas martii ou, resumidamente, bissexto.

Os romanos fizeram a intercalação do bissexto rigorosamente durante mais de mil anos. E o calendário Juliano, afinal, foi adotado em grande parte do mundo ocidental.

Ano solar verdadeiro
Mas, o ano solar verdadeiro tem 365,242199 dias – portanto mais curto que o ano Juliano. Ao acrescentar sistematicamente um dia a cada quatro anos durante tanto tempo, o equinócio da primavera acabou dez dias “atrasado” em relação ao calendário em vigor.

Para a Igreja Católica, isso implicava num acontecimento muito grave: no período compreendido entre a quarta-feira de Cinzas e a Páscoa, comer carne era considerado uma heresia. E como a Páscoa era determinada com base no início da primavera boreal, estava-se comendo carne num período em que o seu consumo era proibido.

Os dias que nunca existiram
Isso deu origem a outro calendário, imposto durante o pontificado de Gregório XIII, no ano de 1582 da era Cristã. Sob orientação do astrônomo Lélio, a reforma Gregoriana do calendário, como ficou conhecida, consistiu no seguinte:

  • Retirar dez dias no ano de 1582 – Durante o mês de outubro desse ano, a quinta-feira dia 4 foi sucedida pela sexta-feira, dia 15. Dez dias “deixaram de existir”, e o equinócio da primavera voltou a coincidir com o dia 21 de março.
  • Criar uma nova regra para calcular os anos bissextos – Continuaria-se acrescentando 1 dia a cada 4 anos, porém, os anos que fossem múltiplos de 100 deixariam de ser bissextos, exceto se também fossem múltiplos de 400. Dessa forma retirava-se 1 dia a cada 100 anos e adicionava-se outro a cada 400 anos (anos centenários como 1500 e 1900 não foram bissextos, mas para os intermediários é suficiente dividir por 4).
  • Limitar a ocorrência da Páscoa – A Páscoa nunca mais cairia antes do dia 22 de março, nem depois de 25 de abril.

Fonte: Zênite

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