Não tenho tempo… Crianças de colo e pessoas com doenças neurológicas ou psiquiátricas não sabem o que é o tempo. O tempo pode demorar a passar quando se espera uma entrevista de emprego ou quando um telefonema está sendo aguardado. Quando se está no trânsito, atrasado para algum compromisso, o tempo voa. O tempo passa. O tempo muda. O tempo cura. O tempo apaga.
Mas, afinal o que é o tempo? O tempo tem sido um dos maiores temas da religião, filosofia e ciência, mas defini-lo de uma forma não controversa (que possa ser aplicada a todos os campos) de tudo tem mobilizado os maiores conhecedores. O tema só perde para a questão da existência de Deus, ou da existência da matéria ou da energia que deu inicio ao cosmos.
O tempo é indicado por intervalos ou períodos de duração. Acredita-se que um acontecimento ocorra depois do outro e a separação entre os dois acontecimentos é um intervalo, e a quantidade desse intervalo é a duração. O tempo é medido pelos calendários, cronômetros e relógios. As unidades de tempo mais usuais são o dia, dividido em horas, e estas em minutos, e estes em segundos. Os múltiplos do dia são a semana, o mês, e o ano, e este último pode agrupar-se em décadas, séculos e milênios. Assim, temos noção de passado, presente e futuro.
Em termos populares, o tempo costuma ser visto como um rio que passa. Tanto é que a sabedoria popular já dizia: águas passadas não movem moinhos.
No início do século passado, não satisfeito com essa situação, Einstein mostrou que Tempo e Espaço são conceitos inseparáveis. Não se pode falar sobre um deles isoladamente. Além disso, para falarmos em espaço-tempo, precisamos de um referencial, isto é, nossa medida de espaço-tempo será sempre relativa a algum sistema de referência. Foi daí que nasceu o termo relatividade, muitas vezes generalizado sem o menor critério.
O tempo psicológico nada mais é do que uma percepção que temos das mudanças que ocorrem em nosso espaço através do ritmo que imprimimos nele. Quanto mais acelerado for o ritmo dos nossos movimentos, quando mais elevado a freqüência das nossas mentes, emoções, sentimentos, etc. mais rápido será o final.
A agitação do nosso mundo moderno deixa as pessoas nervosas, irritadiças, ansiosas, etc. A sensação que temos é que os dias e as horas, e os meses e os anos passam mais rápido. Diferente da sensação dos que viveram há uns 30 anos, quando os dias demoravam a passar. E um ano era uma “eternidade”! O tempo nesse campo é tão relativo que quando estamos ansiosos esperando um trem, ou um ônibus, um minuto é muita coisa. Mas, quando o despertador toca e, queremos dormir e espreguiçar um pouquinho mais, um minuto não é nada.
Um minuto é muito ou é pouco tempo? Depende de que lado do banheiro vc está!
Veja: O tempo na Filosofia
O tempo na Filosofia
Tempo é um dos grandes mistérios do Universo. Todo mundo pensa que sabe o que é, vive reclamando sua falta e, no embalo da histeria coletiva para não desperdiçá-lo, acaba perdendo não apenas ele, o tempo, mas outras coisas mais.
O tempo sempre foi tratado como um conceito adquirido por vivência, indefinível em palavras. A concepção do tempo tem sido muito discutida desde o início da cultura ocidental, até hoje.
Parmenides (530 – 460 a.C.) defendia o ponto de vista de que todas as transformações que observamos no mundo físico resultam da nossa percepção, isto é, de um processo mental. Elas, de fato, não ocorreriam. A realidade para Parmenides seria ao mesmo tempo indivisível e destituída do conceito de tempo.
Platão (427 – 348 a.C.) afirmou que o tempo nasceu quando um ser divino colocou ordem e estruturou o caos primitivo. O tempo tem uma origem cosmológica. Ele distinguia o “ser” e o “não ser”. O mundo do “ser” é fundamental, não está sujeito a mutações, e eternamente o mesmo. Este mundo é o, das idéias, apreensível apenas pela inteligência e pode ser entendido utilizando-se a razão. O mundo do “não ser” faz parte as sensações, que são irracionais, porque dependem essencialmente de cada pessoa. Esse mundo, para Platão, é irreal. O domínio do tempo estaria nesse segundo mundo, assim como tudo o que se observa no universo físico, tendo uma importância menor.
A filosofia oriental parece ter sustentado que o tempo, bem como o espaço, são construções da mente humana.
Aristóteles considerava importante o mundo observado e entendia a noção do tempo como intrínseca ao Universo. Em sua filosofia, o mundo existia na forma de seu modelo cosmológico geocêntrico (a Terra estática no centro dos outros astros) desde sempre. Aristóteles, como a maioria dos pensadores gregos da época, não acreditava em um momento inicial da criação do Universo, como o pregado pela tradição judaico-cristã. Esta questão de tempo cíclico ou não cíclico, portanto, aparece como uma das questões relativas às características do tempo desde as origens da ciência ocidental. Esta idéia apareceu naturalmente em função dos inúmeros fenômenos periódicos na Natureza: as marés, as estações sazonais, os dias sucedendo as noites, e assim por diante. Esses fatos conhecidos desde as civilizações mais antigas, sendo evidentes fenômenos cíclicos, levaram as civilizações primitivas, bem como os pensadores da Antigüidade a imaginarem que o tempo também seria circular, ou seja, a Natureza evoluiria de forma a se repetir.
O tempo cíclico dos gregos derivava também da idéia de perfeição. Ideia os induziu à escolha do círculo, uma figura perfeita, para a trajetória dos corpos celestes. Aristóteles afirma que “existe um círculo em todos os objetos que tem um movimento natural. Isto se deve ao fato de os objetos serem discriminados pelo tempo, o início e o fim estando em conformidade com um círculo; porque até mesmo o tempo deve ser pensado como circular”.
Os Maias da América Central também acreditavam num tempo cíclico. A história se repetiria depois de um período de 260 anos, o lamat dos Maias.
A idéia de um tempo linear, sem retornos, parece ter sido defendida apenas pelos hebreus e os persas zoroastras. Filosofia esta incorporada pelos cristãos. Os cristãos introduziram a crença em acontecimentos únicos, como por exemplo: a crucificação e ressurreição de Cristo. Estes fenômenos não se repetem. Assim, como o apocalipse descreve o fim de um mundo, indicando que haverá o encerramento de um ciclo que não se repete mais.
No século IV, Santo Agostinho respondia à indagação sobre o que é o tempo da seguinte forma: “se ninguém mo perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei”. Ele também afirmou que “ouvi dizer a um homem instruído que o tempo não é mais do que o movimento do Sol, da Lua e dos astros. Não concordei!!! Porque não seria antes o movimento de todos os corpos? Se os astros parassem e continuasse a mover-se a roda do oleiro, deixaria de haver tempo para medirmos as suas voltas? Não poderíamos dizer que estes se realizam em espaços iguais, ou, se a roda umas vezes se movessem mais devagar, outras depressa, não poderíamos afirmar que umas voltas demoravam mais, outras menos?”
A questão da realidade do tempo levou vários filósofos a elaborarem idéias a respeito da mesma. Para Kant (1724-1804), por exemplo, o tempo, apesar de ser essencial como parte da nossa experiência, é destituído de realidade: “tempo não é algo objetivo. Não é uma substância, nem um acidente, nem uma relação, mas uma condição subjetiva, necessariamente devida à natureza da mente humana.”
Uma possibilidade, para essa teoria do subjetivismo do tempo é negar a sua realidade. Essa negação se encontra em trabalhos de filósofos tão antigos quanto Parmenides e Platão, como mais recentes como Hegel(1770-1831) e Spinoza (1632-1677). Boltzmann, físico que viveu entre 1844 e 1906, atacou a visão subjetiva do tempo e as complicações introduzidas, de acordo com ele, pelos filósofos.
Para o filósoso J.M.E. Mc Taggart, o tempo é irreal e só existe na nossa mente ou seja só existe porque concebemos sua existência. Seja como for há muita gente consumindo o seu próprio tempo e o tempo alheio no afã de fazer dinheiro, conquistar um amor, concluir um trabalho, ter fama, ser reconhecido, etc.
Lewis Carroll, em “Alice através do Espelho” brinca com a noção do tempo. Na passagem em que a personagem principal conversa com a Rainha Branca, esta oferece a Alice um salário para ela se torne sua dama de honra a um salário de uma porção saborosa de marmelada todo dia de ontem e de amanhã. Confusa Alice não entende a proposta, afinal o ontem já passou e o amanhã está por vir e como vivemos sempre o presente, ela nunca veria a geléia. “Só uma memória ruim se lembra apenas das coisas do passado”, disse a Rainha. Se a memória de Alice se lembrasse das coisas futuras, ela talvez se sentisse tentada a trabalhar para a Rainha pela memória da excelente geléia que comeria amanhã.
Essa conversa aparentemente desconexa é uma das armadilhas lógicas de Carroll, que além de escritor era também um excelente matemático, faz-nos pensar que talvez seja isso que nos falta: uma memória realmente boa, que nos permitisse lembrar as coisas do futuro. Mas, será que gostaríamos de nos “lembrar do futuro”? A vida seria suportável se não houvesse a incerteza do amanhã? Afinal, conhecer o futuro seja através de oráculos e previsões sempre tiveram um enorme apelo para o homem em toda a sua história.
Lembrar do futuro não é tão impossível quanto se imagina, afinal em algum momento todos já tivemos a sensação muito próxima do que seria lembrar-se do futuro. Trata-se do famoso (já visto), um fenômeno inesperado em que, à medida que vivenciamos uma situação, temos a nítida impressão deque já vimos aquilo antes e sabemos de antemão, com uma fração de segundos de antecedência, o que vai acontecer. É como se o futuro fosse se abrindo, sem incertezas, para nós. Assim, quando o cérebro processa imagem e som do fato vivenciado, temos a sensação de estar lembrando algo que já passou. Somos o que somos porque temos memória. Sem ela não seríamos nada: não nos lembraríamos das nossas ligações afetivas, de nossa história, de nossos costumes e de nossa língua. Contudo, a memória só trabalha em uma direção: a do passado. Intimamente ligada a essa propriedade está a questão do tempo e da irreversibilidade dos fenômenos na natureza. O passado não volta, quer queiramos ou não.
Para Kurt Gödel, um dos últimos grandes cientistas-filósofos que viveram, o tempo não tem um sentido objetivo, ou seja, é aquilo que os filósofos chamam de ideal: trata-se simplesmente de uma ilusão de nossas mentes e não corresponde a uma realidade externa.
O tempo continua tendo mistérios para a humanidade e ainda é assunto de debate entre os filósofos e entre os cientistas. A dificuldade de Santo Agostinho e tantos outros filósofos para definir o tempo, na verdade, também existe na definição do espaço, pois ambos são conceitos adquiridos por vivência, e que em ciência são identificados como conceitos primitivos. Na ciência a aceitação de um conceito primitivo o torna real. Assim, embora sem definir o tempo em poucas palavras, a ciência moderna identifica as suas características e realiza medidas relativas ao tempo.
Fonte: Wikipédia, E-Física e Revista Eletrônicas
Excelente texto. Ele deixa claro que sabemos pouco ou nada sobre o tempo e que ele depende das atividades que estamos realizando para ser longo ou curto.
Abç!
Texto maravilhoso!