Pesquisadores acreditam que a falta de sono compromete o sistema imunológico, deixando as pessoas mais vulneráveis ao resfriado comum
Estudos realizados pela Carnegie Mellon University, em Pittsburg (Pensilvania) mostraram que pessoas que dormem sete horas por noite são três vezes mais suscetíveis a resfriados que as que passam mais de oito horas dormindo. “O que mais intriga nesse estudo é como pequenas diferenças no sono podem ter impacto na nossa vulnerabilidade aos vírus”, observa Sheldon Cohen, psiconeuroimunologista e líder do grupo com trabalho publicado nos Archives of Internal Medicine.
Pesquisas anteriores já haviam comprovado que a falta de sono pode criar mudanças no sistema imunológico deixando as pessoas mais vulneráveis a infecções. Por exemplo, um sono de má qualidade pode provocar queda no número de células-T ─ de defesa ─ que destroem vírus e bactérias, e também nos níveis de interleucina-2, uma proteína que estimula a produção e o crescimento de células que combatem infecções, incluindo a célula-T. Este é um dos primeiros estudos a relacionar deficiências no sono com aumento da suscetibilidade aos rinovírus, que provocam resfriado.
Foram 153 homens e mulheres saudáveis, com idade entre 21 e 55 anos, suficientemente corajosos, se submeteram deliberadamente ao rinovírus. Todos os dias, durante duas semanas, os pesquisadores perguntaram aos participantes, por telefone, como tinha sido a noite anterior, a hora em que foram dormir e qual a qualidade do descanso. Posteriormente, Cohen e seus colegas colocaram os voluntários em quartos separados de hotel, com instruções para ficarem, pelo menos a alguns passos de distância um do outro, de modo a limitar o contágio; e cada um recebeu gotas de um fluido nasal contaminado com rinovírus. A equipe acompanhou os sintomas do resfriado como congestão nasal, espirros e coriza; e mediu a quantidade de muco que os participantes produziram nos cinco dias seguintes. Para verificar se os participantes tinham mesmo sido infectados, foram realizados exames de sangue, a procura de anticorpos ou proteínas do sistema imunológico, produzidas em resposta ao rinovírus.
O resultado da pesquisa indicou que pessoas que dormiam menos de sete horas foram 2,94 vezes mais suscetíveis ao resfriado que aquelas que dormiram oito horas ou mais. Os participantes que tiveram um sono mais eficiente ─ definido como a porcentagem de sono tranqüilo e de sono interrompido por tosse e nariz congestionado ─ foram menos infectadas. Participantes com eficiência de sono entre 92% e 98%”, segundo Cohen, “são quatro vezes mais propensos a pegar resfriados que pessoas com eficiência entre 99% e 100%”. Então, o que é mais importante: a quantidade ou a qualidade do sono? Cohen acredita que os dois são importantes. Uma pessoa que tem um sono reparador tem maior probabilidade de dormir por períodos mais longos.
Cohen, que pesquisa o assunto há três décadas sugere que dormir é apenas um dos vários fatores do estilo de vida que afetam a sensibilidade ao resfriado comum. Outro fator importante é o estresse, que atinge o sistema imunológico e aumenta o risco a várias doenças.
Fonte: Scientific American Brasil