Menos de 50% dos pacientes com diabetes tipo 2 em tratamento estão atingindo o nível desejado de glicose no sangue, sendo que 40% apresentam complicações associadas à doença. Os dados fazem parte do Diabetes Impact Survey, um estudo encomendado pela Merck Sharp & Dohme com o objetivo de avaliar o impacto socioeconômico da doença.
Considerado uma epidemia global, o diabetes avança vertiginosamente. Segundo dados da International Diabetes Federation (IDF), mais de 246 milhões de pessoas em todo o mundo, o equivalente a 6% da população global, têm a doença. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que, em 2007, 3,8 milhões de mortes foram causadas pelo diabetes. De acordo com projeções, se medidas para conter seu avanço não forem tomadas urgentemente, o total de diabéticos chegará a 380 milhões em menos de 20 anos e as mortes crescerão mais de 50% nos próximos 10 anos.
Os dados do Diabetes Impact Survey – baseados em entrevistas com 866 profissionais de saúde e 607 pacientes da Alemanha, França, Reino Unido, Canadá, México e Índia – revelam ainda que, nos últimos anos, os médicos receitaram mais terapias adicionais nos estágios iniciais de tratamento, como estratégia para retardar a progressão da doença.
A conduta é defendida por um dos médicos que participaram do desenvolvimento da pesquisa, o diabetologista e professor de Medicina da Universidade Birmingham (Reino Unido), Anthony Barnett. “É importante reavaliar os protocolos de tratamento para assegurar que os pacientes recebam as mais efetivas terapias o mais cedo possível, atingindo os níveis desejáveis de glicose no sangue de forma a prevenir as complicações antes que se desenvolvam”, frisa. A opinião do especialista é reforçada pela dos pacientes: 31% dos entrevistados declararam que o acesso a tratamentos mais eficazes lhes permitiria controlar melhor o diabetes tipo 2.
Os resultados demonstram ainda a necessidade crescente de combater o ônus econômico associado ao diabetes. A maior parte dos médicos entrevistados (75%) estimou o impacto econômico do diabetes em seu país abaixo de US$ 5 bilhões. No entanto, em muitos países o ônus excede de longe a estimativa. Por exemplo, no México os custos de diabetes são de US$ 15 bilhões e no Canadá são de US$ 9 bilhões.
O diabetes também representa um ônus significativo para os pacientes e suas famílias. Um entre 10 pacientes entrevistados foi internado devido ao diabetes nos últimos 12 meses; um entre cinco informa que sua capacidade de trabalhar foi afetada; um entre seis informa que não está trabalhando no momento ou parou de trabalhar devido à doença; e três entre quatro declaram que foram afetados financeiramente como resultado da doença.
Adesão ao tratamento
Dada à natureza progressiva do diabetes, com o passar dos anos, os pacientes requerem um tratamento com diversos medicamentos para alcançar o controle glicêmico. Os médicos ouvidos na pesquisa apontaram a hipoglicemia (84%) e o ganho de peso (69%) como as principais barreiras a serem contornadas na hora de escolher um tratamento. Segundo os profissionais, 39% de seus pacientes fazem dieta e exercício e usam dois ou mais medicamentos, enquanto 31% fazem dieta e exercício, tomam injeções de insulina e usam medicamentos.
A pesquisa revelou ainda que 37% dos médicos acreditam que seus pacientes regularmente esquecem de tomar uma dose. A maioria dos pacientes entrevistados aponta a ingestão de muitos comprimidos ao dia e o medo dos efeitos colaterais como as principais causas para a não adesão ao tratamento. A maioria dos pacientes concorda que medicamentos de dose única diária seriam de grande ajuda na adesão ao tratamento.
Educação dos pacientes
Os profissionais de saúde entrevistados reconheceram a necessidade de melhorar a educação para o paciente, pois acreditam ser um fator capaz de ajudar os diabéticos a controlar a doença com mais eficácia e prevenir as complicações associadas.
As diretrizes recomendam aos pacientes uma meta de HbA1c (glicose no sangue) de 6,5% a 7%. No entanto, quando indagados a respeito de níveis específicos de HbA1c, menos da metade (43%) dos pacientes estava ciente de qual seria seu nível desejável. Além disso, mais de um quarto dos pacientes que estavam cientes de sua contagem atual de HbA1c citaram um nível superior a 7% (que está acima do nível recomendado pela Associação Americana de Diabetes e pela IDF).
Os achados da pesquisa permitem ainda traçar outras estratégias que poderiam contribuir para amenizar o impacto do diabetes tipo 2: tratamento multidisciplinar e contato mais frequente do médico com o paciente; ampliação do acesso aos medicamentos para reduzir custos de hospitalização e de tratamento das complicações associadas; prescrição de um tratamento efetivo o mais cedo possível; melhoria da adesão ao tratamento com o desenvolvimento de medicamentos de dose única diária e baixos efeitos colaterais; emprego de recursos governamentais na prevenção das complicações e não no seu tratamento.
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